É bem verdade que as questões relacionadas ao sexo e tudo que está ligado ao erotismo é pouco debatido em nossa sociedade. Neste post vamos falar sobre vício em sexo e suas possíveis causas.
Todos nós já ouvimos falar de pessoas que pensam em sexo 24 horas por dia, mas será que isso é um vício? Um descontrole? Tem tratamento?
Para conversarmos sobre esse tema é fundamental entendermos que para a psicologia, o vício é algo que funciona como um mecanismo de fuga emocional, com esse mecanismo o indivíduo obtém prazer ou foge de dores emocionais.
Ou seja, a partir desse conceito, podemos inferir que se alguém utiliza o sexo de maneira constante para aliviar problemas emocionais e obter prazer com isto, essa pessoa seria uma viciada em sexo, correto?
A realidade é que psicólogos e psiquiatras não têm ainda um consenso sobre a compulsão sexual ser de fato um vício. Ou, apenas uma hipersexualidade, nome dado à condição de indivíduos com uma tendência exagerada a se interessar ou se envolver em práticas sexuais.
Como se comporta um viciado em sexo?
Muito embora não haja consenso se é realmente um vício, algumas pessoas apresentam uma vontade inquietante de fazer sexo.
Esse problema não está necessariamente associado a quantas vezes a pessoa faz sexo por dia ou por semana. Na realidade, a compulsão sexual provoca alguns sintomas, conheça:
- Angústia e ansiedade em realizar suas fantasias;
- Falta de concentração em outras coisas que não sejam suas fantasias sexuais;
- Masturbação compulsiva;
- Comprometimento da vida social, profissional e afetiva;
- Vergonha relacionada a vida sexual;
Ao observarmos esses sintomas, fica fácil perceber que a compulsão sexual descontrolada em nada se parece com o tabu que nossa sociedade cria sobre esse tipo de problema, que é vulgarmente chamado de ninfomania.
A doença não está relacionada a safadeza ou falta de vergonha! É um descontrole que afeta a qualidade de vida de quem sofre do problema, e precisa de ajuda médica.
Na nossa sociedade, estamos acostumados a ver esse tipo de problema de forma sensual e romantizada, quando associamos a doença a palavra “ninfomaníaca” todos se lembram de um tipo de comportamento sexual obsessivo.
Mas infelizmente, ainda não se vê o problema com a seriedade que ele realmente tem. Muitos homens inclusive comentam em rodas de amigos que desejariam se casar com mulheres ninfomaníacas, que seria a realização de um sonho.
Quando na realidade esse comentário menospreza a seriedade da compulsão e riscos que isso pode proporcionar a saúde física e mental.
Para que tenhamos clareza do tamanho do problema, basta pensarmos que um homem normal pensa em sexo 35 vezes ao dia, enquanto as mulheres pensam 20 vezes ao dia, e os compulsivos pensam em suas fantasias e desejos o dia inteiro, perdendo a capacidade de realizar atividades normais.

Existe tratamento para o vício em sexo?
Se você se identificou com os sintomas relacionados anteriormente, saiba que existe tratamento para esse problema!
Muitas pessoas acabam se identificando com a compulsão sexual, mas sentem vergonha de procurar ajuda médica e serem julgadas por seu comportamento. Quando na realidade somente o tratamento poderá ajudar o paciente a se controlar em relação aos seus impulsos sexuais e voltar a ter uma vida normal.
Outro tabu que precisa ser esclarecido, é que o tratamento para a compulsão sexual irá tirar a libido ou deixar o homem que se comporta assim broxa.
Na realidade, o tratamento para a compulsão sexual deverá ser feito com o acompanhamento de um psiquiatra.
Juliana Cambaúva, psicóloga e educadora sexual, aponta que o médico psiquiatra poderá receitar remédios que diminuam quimicamente o desejo sexual, e minimizar sentimentos relacionados a depressão que costumeiramente estão associados ao vício em sexo.
Para que o tratamento evolua de forma significativa, também é interessante que o paciente procure grupos de apoio. É nesses grupos que a pessoa poderá compartilhar abertamente o seu sofrimento com relação a sua vida sexual e receber o apoio adequado.
Caso você não encontre esse tipo de apoio em sua cidade, também é interessante recorrer a ajuda de um psicólogo. Com quem você poderá conversar sobre os problemas que enfrenta e ser aconselhado.
Vício e outros problemas de saúde
A necessidade de realizar seus desejos sexuais pode levar um indivíduo compulsivo por sexo a praticar suas fantasias de forma irresponsável.
Na ânsia de suprir suas necessidades, o viciado em sexo pode adquirir várias doenças sexualmente transmissíveis. Além disso, mulheres que sofrem com esse problema podem acabar engravidando de forma não planejada.
Além das doenças sexualmente transmissíveis, o corpo pode se tornar mais fraco devido ao comportamento sexual desregrado, ocasionando uma baixa imunidade, que abre espaço para outras muitas doenças e infecções que podem levar o paciente a morte.
É necessário que a pessoa tenha consciência que seu impulso sexual é descontrolado, e que ela precisa se proteger desse problema e de tantos outros que ele pode acarretar. Por isso o tratamento adequado para a compulsão sexual é tão importante.
Como é se relacionar com um viciado em sexo?
Algumas pessoas têm esse fetiche não é mesmo? O fetiche de ter um relacionamento com alguém que está sempre disposto a ter relações sexuais e que tem fantasias e desejos compulsivamente.
Mas na realidade se envolver emocionalmente com alguém assim poderá inclusive te proporcionar prejuízos a saúde física e emocional.
Devido ao descontrole que o compulsivo sexual vive, é difícil para essa pessoa que ela consiga se manter fiel em um relacionamento a dois. E isso pode gerar riscos de contaminação por doenças sexualmente transmissíveis.
Por isso, é preciso dar o devido tratamento ao problema e lidar com a devida seriedade.

Vício em sexo causa abstinência? A pessoa é dependente de sexo?
Segundo a Dra. Valerie Moon, que fez parte de uma equipe de psiquiatria na Universidade de Cambridge, os impulsos sexuais descontrolados não causam no paciente uma dependência.
Só é considerado para a equipe de pesquisadores dependência, quando a necessidade sexual afeta o sistema emocional do indivíduo, limitando sua capacidade de levar um estilo de vida normal.
O estudo provou que na realidade, o cérebro do viciado em sexo tem como neurotransmissor dominante a dopamina, que está associada ao sistema de motivação.
O estudo concluiu que o cérebro das pessoas que têm compulsão sexual, demonstra através de sua atividade um desejo sexual elevado. Mas somente isso não é o suficiente para comprovar que exista uma dependência e que possa existir abstinência.
Mesmo que os estudos na área sejam inconclusivos, a necessidade sexual compulsiva causa enorme sofrimento para quem convive com o problema.
Como um viciado em álcool, ficar em abstinência sem o acompanhamento psicológico e psiquiátrico necessário não será o suficiente para tratar o problema.
É necessário não ter vergonha e procurar a ajuda de uma equipe multidisciplinar, composta por psicólogos, psiquiatras, grupos de apoio, e de preferência ter uma conversa sincera sobre o problema com as pessoas que convivem com você.
O diálogo claro, e a busca por informações serão as principais armas para o tratamento desse transtorno, em busca de ter uma vida mais saudável e prazerosa, em todos os âmbitos.
Afinal, o vício é uma forma de obter prazer rapidamente, e em muitos casos os viciados utilizam seus vícios para não lidar com seus problemas reais em outras áreas da vida. Por isso um acompanhamento clínico completo é essencial para um tratamento bem-sucedido.
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